Meio, meia, bastante, bastantes
Cuidado com estas palavrinhas!
Como sempre diz o Blogueiro, o discurso, quer em português, quer em outras línguas, está sempre cheio de armadilhas ocultas. Hoje você vai ver como certas palavrinhas podem iludi-lo: eis, só, meio, bastante, etc.
Eis, por exemplo, aparece em frases como: Eis a questão, eis a solução para o problema, Ei-lo pilotando a espaçonave, etc. Observe que esta palavrinha, cuja origem os estudiosos ainda não conseguem explicar satisfatoriamente, tem inegável comportamento de verbo na frase, a tal ponto que apresenta objeto direto e pode receber pronome objetivo átono: Ei-lo, ei-la, ei-los, ei-las. eis-me, eis-vos. Pode empregá-la à vontade em casos como os acima citados, que estará correto.
Já a palavra só pode trazer problema por poder se apresentar em classes gramaticais diferentes: adjetivo, advérbio, substantivo. Como adjetivo pode significar solitário, isolado, ermo, deserto, desamparado.
Exemplos: A Margarida sempre viveu só, Prefere lugares sós, no meio das montanhas, Meus vizinhos ficaram sós no mundo.
Repare que o emprego de só como adjetivo às vezes pode parecer surpreendente: A irmã era a só alegria que Deus lhe deixou na vida. Dá para reparar que se trata de um emprego bastante elegante, que denota conhecimento do idioma. Como advérbio, isto é, como palavra invariável que modifica o adjetivo, o verbo e o próprio advérbio, o emprego de só é amplo: Ela escolheu o rapaz só pela grande riqueza, Ele só reclama, nunca colabora.
A palavra meio é igualmente perigosa pela possibilidade de induzir a erro de concordância, pois pode surgir como substantivo, adjetivo, numeral e advérbio. Justamente em virtude de poder apresentar-se em três classes variáveis, quando surge como advérbio pode haver confusão e engano.
Como substantivo, o uso é bem claro:
Os fins são mais importantes que os meios. Igualmente
como adjetivo: O ator esboçou um meio riso.
E mais ainda como numeral:
Meia laranja vale mais que uma maçã. O perigo surge no emprego como advérbio.
Observe esta frase que o povo diz com naturalidade no discurso coloquial:
Eu estou meia cansada. Sendo nesta frase um advérbio, a norma padrão exige que meio não se flexione:
Eu estou meio cansada. Muito cuidado, portanto.
E cuidado com a palavra bastante quando usada como adjetivo. O povo costuma senti-la como advérbio e não a flexiona, o que está em desacordo com a norma padrão. Nunca escreva, portanto,
A Polícia tem bastante provas contra o político. Bastante, nesse exemplo, é adjetivo e tem de seguir o substantivo em sua flexão:
A Polícia tem bastantes provas contra o político.
Percebeu? Saber empregar muitas palavras como estas é fundamental para ter um bom discurso.
fonte: http://blogunesp.vunesp.com.br/?p=1116
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