Poema o AÇÚCAR e o modernismo na 3ª geração
O açúcar - Ferreira Gullar
Ficha técnica:
Texto: Ferreira Gullar
Interpretação: Osmar Lucena Filho
O açúcar
O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça,
água na pele,
flor que se dissolve na boca.
Mas este açúcar
não foi feito por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da esquina
e tampouco o fez o Oliveira,
dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
Em lugares distantes, onde não há
hospital nem escola,
homens que não sabem ler e morrem
aos vinte e sete anos
plantaram e colheram a cana
que viria a ser o açúcar.
Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura
produziram este açúcar branco e puro
com que adoço meu café esta manha em Ipanema.
O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça,
água na pele,
flor que se dissolve na boca.
Mas este açúcar
não foi feito por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da esquina
e tampouco o fez o Oliveira,
dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
Em lugares distantes, onde não há
hospital nem escola,
homens que não sabem ler e morrem
aos vinte e sete anos
plantaram e colheram a cana
que viria a ser o açúcar.
Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura
produziram este açúcar branco e puro
com que adoço meu café esta manha em Ipanema.
Ferreira Gullar
ATIVIDADES
1) Assinale os sinônimos do verbo dissolver no verso: “flor que se dissolve na boca”:
( ) se desmancha
( ) se esparrama
( ) se acaba
( ) se dilui
2) Marque a alternativa em que a palavra amarga possui o mesmo significado do texto:
( ) Aquela sobremesa estava amarga.
( ) Vivia de mau humor; era uma pessoa muito amarga.
( ) Passamos por uma fase muito amarga, mas agora estamos bem.
3) Marque a alternativa em que a palavra dura possui o mesmo significado do texto:
( ) Realizamos uma dura tarefa.
( ) O móvel era feito de madeira muito dura.
( ) O seu jeito duro afasta as pessoas.
4) Reescreva a frase “homens de vida amarga e dura produziram este açúcar”, substituindo as palavras destacadas por um sinônimo.
“Homens de vida sofrida e penosa produziram este açúcar.”
5) A que tipo de açúcar o eu-lírico está se referindo?
( ) ao açúcar mascavo
( ) ao açúcar refinado
( ) a qualquer tipo de açúcar
6) A que elementos o açúcar é comparado?
5) A que tipo de açúcar o eu-lírico está se referindo?
( ) ao açúcar mascavo
( ) ao açúcar refinado
( ) a qualquer tipo de açúcar
6) A que elementos o açúcar é comparado?
7) Descreva o retrospecto que é feito sobre o açúcar.
8) Na última estrofe, o que se opõe à doçura do açúcar?
9) Por que os homens que trabalham nas usinas fabricando o açúcar têm a vida amarga?
10) Escreva com as suas palavras a mensagem que o poeta deseja transmitir.
Também chamada de “Geração de 45”, a última
fase do modernismo começa em 1945 e se estende
até 1980, embora alguns estudiosos prefiram
apontar o fim do modernismo na década de 1960 e
outros, ainda, afirmam que o modernismo está
presente até os dias atuais.
Diferente da primeira geração modernista, os
escritores desse período possuíam uma atitude mais
formal, em oposição ao espírito radical, contestador
e de liberdade desenvolvido a partir da Semana de
Arte Moderna de 1922
Modernismo na 3ª geração
CONTEXTO HISTÓRICO
Fim do Estado Novo (1937-1945) no país,
implementado pela ditadura de Getúlio Vargas. Em nível mundial, o ano de 1945 é também o fim
da Segunda Guerra Mundial e do sistema
totalitário do Nazismo, entretanto, começa a
Guerra Fria (Estados Unidos e União Soviética) e
a Corrida Armamentista.
Academicismo;
Passadismo e retorno ao
passado;
Oposição à liberdade
formal;
Experimentações artísticas
(ficção experimental);
Realismo fantástico (contos
fantásticos);
Retorno à forma poética
(valorização da métrica e da rima);
Influência do
Parnasianismo e
Simbolismo;
Inovações linguísticas e
metalinguagem;
Regionalismo universal;
Temática social e humana;
Linguagem mais objetiva.
Prosa Urbana
A principal caraterística da prosa urbana é sua
ambientação nos espaços da cidade, em detrimento do
campo e do espaço agrário, da qual se destaca Lygia
Fagundes Telles.
Prosa Regionalista
A prosa regionalista absorve, por outro lado, aspectos
do campo, da vida agrária, da fala coloquial e
regionalista, por exemplo, na obra de Guimarães Rosa.
Prosa Intimista
Por sua vez, a prosa intimista é determinada pela
exploração de temas humanos e, portanto, é mais
íntima, psicológica e subjetiva, observada nas obras de
Clarice Lispector e de Lygia Fagundes Telles.
João Guimarães Rosa (1908-1967)
Renovação da literatura regionalista.
Situações aparentemente regionais que são universais.
Personagens simbólicos do ambiente rural.
Transgressões linguísticas:
Termos do português arcaico e outras línguas.
Onomatopeias, palavras aglutinadas, ditados e
provérbios.
Corruptelas – Formas adulteradas de nomes familiares.
Grande Sertão: veredas
Fluxo de consciência.
Riobaldo (personagem principal) quer saber se o
diabo existe, pois ele fez uma espécie de pacto no
passado.
Impasse amoroso.
Intensidade dramática.
Verdadeira epopeia moderna.
Autora intimista – Vivência interior.
As sensações do “eu” são mais importantes que a
história.
Fatos geralmente banais – Servem de detonador para
as situações vivenciadas pelas personagens.
Mulher como protagonista.
Monólogo.
Discurso indireto livre.
Originalidade: Temas urbanos.
Metáforas e imagens estranhas e inesperadas.
Temas: Solidão.
Desencontro amoroso.
Dificuldade de comunicação entre as pessoas.
Inquietações existenciais:
Desintegração ou redenção dos personagens.
Epifanias – Percepção súbita de algo até então
ignorado.
Clarice Lispector (1920-1977): se destacou na
prosa e na poesia com um caráter lírico e intimista:
"Perto do Coração Selvagem" (1947), "A Cidade
Sitiada" (1949), "A Paixão Segundo GH" (1964), "A
Hora da Estrela" (1977).
Lygia Fagundes Telles (1923-): escreveu romances,
contos e poesias sendo uma de suas marcas a
exploração psicológica das personagens em sua
obra:
"Ciranda de Pedra" (1954), "Verão no
Aquário" (1964), "Antes do Baile Verde" (1970), "As
Meninas" (1973)
Ariano Suassuna (1927-2014): Defensor da
cultura popular brasileira, Suassuna escreveu
romances e poesias dos quais se destacam:
"Os
homens de barro" (1949), "Auto de João da Cruz"
(1950), "O Rico Avarento" (1954) e
"O Auto da
Compadecida" (1955).
A POESIA MODERNISTA DA 3ª GERAÇÃO
Ainda que a prosa tenha sido o tipo de texto mais
explorado na terceira geração modernista, a
poesia é apresentada mediante aspectos de
equilíbrio, e por isso, os poetas do momento eram
chamados de “Neoparnasianos”, ao fazerem
referência as principais características da poesia
parnasiana: preocupação com a estética,
metrificação, versificação, além da busca da
perfeição e do culto à forma.
Intensificação da diversidade e pluralidade de
tendências.
Desapego às circunstâncias exteriores.
Valorização da palavra e do texto:
Poesia cuidadosamente elaborada.
Poesia inspirada na realidade exterior – Angústia e a
difícil sobrevivência nas cidades e campos.
Poemas concretistas.
Poema-Processo.
PRINCIPAIS AUTORES
João Cabral de Melo Neto (1920-1999):
conhecido como “poeta engenheiro”, João se
destacou na prosa e na poesia pelo rigor estético
apresentado em suas obras:
"Pedra do Sono"
(1942), "O Engenheiro" (1945) e
"Morte e Vida
Severina" (1955).
CARACTERÍSTICAS
Despoetização dos poemas.
Verso nítido e preciso.
Poemas quase surrealistas.
Metalinguagem.
Substantivos concretos e emprego moderado de
adjetivos.
Temáticas:
Nordeste – Pernambuco.
Problemas socioeconômicos.
Morte e vida Severina
Epopeia sobre um nordestino – Representa todas as
classes pobres.
Escrito em “autos”.
Sinais de morte “morrida” ou “matada”.
Êxodo rural.
José Ribamar Ferreira (1930)
Pseudônimo – Ferreira Gullar.
Primeira Fase:
Concretismo.
Afastamento do Concretismo e criação do grupo
neoconcretista.
Segunda Fase:
Poesia engajada – Problemas sociais.
Tom panfletário e agressivo.
Versos livres, obedecendo a padrões formais e
tradicionais.
Concretismo
Lançado na I Exposição Nacional de Arte Concreta, São Paulo e Rio
de Janeiro.
Reagir contra o convencionalismo nas artes – Poesia.
Poesia Visual.
Renovação do espaço.
Renovação da palavra.
Eliminação do verso como elemento fundamental.
Distribuição dos versos no papel de modo criativo e não-linear –
Exploração da camada material do significante (som, forma, tamanho
da palavra).
Influência nos meios de comunicação.
Desdobramentos:
Neoconcretismo.
Poesia-Práxis:
Menos preocupação com a exploração visual do
significante.
Preocupação com a sugestão proporcionada pelas
palavras – “Corpos vivos”.
Poema-Processo:
Menos preocupação com a exploração visual do
significante.
Aproximação com os recursos empregados na
comunicação de massas.
Tropicalismo
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