Análise do Poema da Necessidade
Poema da Necessidade
É preciso casar João,
é preciso suportar António,
é preciso odiar Melquíades,
é preciso substituir nós todos.
É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.
É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbedo,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.
É preciso viver com os homens,
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar o FIM DO MUNDO.
Carlos Drummond de Andrade, in 'Sentimento do Mundo'
é preciso suportar António,
é preciso odiar Melquíades,
é preciso substituir nós todos.
É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.
É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbedo,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.
É preciso viver com os homens,
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar o FIM DO MUNDO.
Carlos Drummond de Andrade, in 'Sentimento do Mundo'
Entendendo o poema:
01 – O poema é construído a partir de uma estrutura paralelística, caracterizada por repetição de palavras e de estruturas sintáticas. Tornando o 1° verso –
“É preciso casar João” – como exemplo dos outros, responda:
a) Qual é a oração principal desse período?
É preciso.
b) Como se classifica a oração casar João?
Subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo.
02 – Como você sabe, as orações substantivas têm esse nome porque
É preciso.
b) Como se classifica a oração casar João?
Subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo.
02 – Como você sabe, as orações substantivas têm esse nome porque
equivalem a um substantivo.
Veja essa equivalência em relação ao 1° verso da 2ª estrofe.
“É preciso salvar o país.” – É preciso o salvamento do país.
“É preciso salvar o país.” – É preciso o salvamento do país.
Faça o mesmo em relação aos demais versos da 2ª estrofe,
ou seja, substitua as orações substantivas por substantivos correspondentes.
“É preciso crer em Deus.” – É preciso a crença em Deus.
“É preciso pagar as dívidas.” – ... o pagamento das dívidas.
“É preciso comprar um rádio.” – ... a compra de um rádio.
“É preciso esquecer fulana.” – ... o esquecimento de fulana.
03 – A oração
“É preciso crer em Deus.” – É preciso a crença em Deus.
“É preciso pagar as dívidas.” – ... o pagamento das dívidas.
“É preciso comprar um rádio.” – ... a compra de um rádio.
“É preciso esquecer fulana.” – ... o esquecimento de fulana.
03 – A oração
É preciso se repete em quase todos os versos do poema.
a) Que efeito de sentido tem a repetição dessa oração no texto?
Dá a ideia de algo que se repete no dia-a-dia, de que sempre falta algo.
b) Que relação existe entre essa repetição e o título do poema?
O título sintetiza o poema, já que o texto é um elenco das necessidades,
a) Que efeito de sentido tem a repetição dessa oração no texto?
Dá a ideia de algo que se repete no dia-a-dia, de que sempre falta algo.
b) Que relação existe entre essa repetição e o título do poema?
O título sintetiza o poema, já que o texto é um elenco das necessidades,
pessoais e sociais, de acordo com a ótica do eu lírico.
c) As necessidades apontadas pelo eu lírico são de diferentes tipos: de ordem prática,
c) As necessidades apontadas pelo eu lírico são de diferentes tipos: de ordem prática,
emocional, material, espiritual, etc.
De que tipo são as necessidades reunidas na 3ª estrofe?
São todas relacionadas a atitudes que fogem ao mundo prático e racional.
04 – A oração É preciso situa-se temporalmente no presente.
São todas relacionadas a atitudes que fogem ao mundo prático e racional.
04 – A oração É preciso situa-se temporalmente no presente.
Apesar disso, projeta a necessidade – representada por palavras com função de sujeito da oração principal – para um plano hipotético e futuro.
Isso permite levantar hipóteses sobre a visão do eu lírico a respeito da realidade e da vida presentes.
a) Qual é essa visão?
Para o eu lírico, a realidade e a vida presente são incompletas, insatisfatórias, pois sempre falta algo para que a felicidade seja alcançada, porém o poema transmite responsabilidade e enfrentamento da realidade. O eu lírico é pessimista e o poema é carregado de um sentimento de desilusão e realismo.
b) Indique o item que completa corretamente a seguinte afirmação.
Para o eu lírico, a realidade e a vida presente são incompletas, insatisfatórias, pois sempre falta algo para que a felicidade seja alcançada, porém o poema transmite responsabilidade e enfrentamento da realidade. O eu lírico é pessimista e o poema é carregado de um sentimento de desilusão e realismo.
b) Indique o item que completa corretamente a seguinte afirmação.
O fato de o sujeito se ligar à oração principal sempre por relações de subordinação, portanto nunca diretamente, acentua ainda mais:
· A possibilidade real de o eu lírico transformar a realidade.
· O distanciamento entre o desejo do eu lírico e sua realização efetiva.
· A ideia de que o mundo não existe fora do desejo do eu lírico.
05 – No último verso, a expressão FIM DO MUNDO, que finaliza o poema, é destacada pelo uso de maiúsculas. Considerando a carga negativa do texto, dê uma interpretação coerente ao verso final.
· A possibilidade real de o eu lírico transformar a realidade.
· O distanciamento entre o desejo do eu lírico e sua realização efetiva.
· A ideia de que o mundo não existe fora do desejo do eu lírico.
05 – No último verso, a expressão FIM DO MUNDO, que finaliza o poema, é destacada pelo uso de maiúsculas. Considerando a carga negativa do texto, dê uma interpretação coerente ao verso final.
O mundo, da forma como se apresenta, não é viável. É preciso destruí-lo para que, quem sabe, surja da destruição uma realidade diferente.
Comentários
Postar um comentário