Poema de Augusto dos Anjos - O Morcego - Enem (2009)



Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos
nasceu em Cruz do Espírito Santo, 20 de abril de 1884 — morreu em Leopoldina, 12 de novembro de 1914, foi um poeta brasileiro, identificado muitas vezes como simbolista ou parnasiano. Todavia, muitos críticos, como o poeta Ferreira Gullar, preferem identificá-lo como pré-modernista, pois encontramos características nitidamente expressionistas em seus poemas.

É conhecido como um dos poetas mais críticos do seu tempo, e até hoje sua obra é admirada tanto por leigos como por críticos literários. Sua poesia chocou a muitos, principalmente aos poetas parnasianos, mas hoje é um dos poetas brasileiros que mais foram reeditados. Sua popularidade se deveu principalmente ao sucesso entre as camadas populares brasileiras e à divulgação feita pelos modernistas. Hoje diversas editoras brasileiras publicam edições de Eu e Outras Poesias.


Questão 15 

Texto 1

 O Morcego 

Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

“Vou mandar levantar outra parede...”
Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!

Pego de um pau. Esforços faço.
Chego A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!

A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!

 (ANJOS, A. Obra completa. Rio de Jan: Aguilar, 94) 

Texto 2 

O lugar-comum em que se converteu a imagem de um poeta doentio, com o gosto do macabro e do horroroso, dificulta que se veja, na obra de Augusto dos Anjos, o olhar clínico, o comportamento analítico, até mesmo certa frieza, certa impessoalidade científica. (CUNHA, F. Romantismo e modernidade na poesia. Rio de Janeiro: Cátedra, 1988 - adaptado)


Em consonância com os comentários do texto 2 acerca da poética de Augusto dos Anjos, o poema O morcego apresenta-se, enquanto percepção do mundo, como forma estética capaz de: 

A) reencantar a vida pelo mistério com que os fatos banais são revestidos na poesia.
B) expressar o caráter doentio da sociedade moderna por meio do gosto pelo macabro.
C) representar realisticamente as dificuldades do cotidiano sem associá-lo a reflexões de cunho existencial.
D) abordar dilemas humanos universais a partir de um ponto de vista distanciado e analítico acerca do cotidiano.
E) conseguir a atenção do leitor pela inclusão de elementos das histórias de horror e suspense na estrutura lírica da poesia.

GABARITO: D

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